segunda-feira, 27 de julho de 2009

Uma Praça e muitos nomes - II

MONUMENTO A JÚLIO DE CASTILHOS
UMA JÓIA ENCRAVADA NA PRAÇA






Porto Alegre possui inúmeros monumentos, alguns dos quais já com fotografias publicadas aqui. Mas este, que mostro agora, é dos que mais aprecio. É belo e grandioso. Imponente. Verdadeiramente majestoso. Simplesmente monumental, sem querer fazer graça ou trocadilho que aqui não caberiam, diante da magnitude e da nobreza da obra. Ele fica na Praça Marechal Deodoro, ou "Praça da Matriz" e, ao meu ver, compõe com a Catedral Metropolitana, o Palácio Piratini e o Theatro São Pedro, a parte mais rica e significativa do invejável acervo artístico-histórico da minha Cidade. 

Tem mais de 22 metros de altura e o projeto de sua construção é do grande pintor, desenhista e escultor Décio Rodrigues Villares, ou Décio Villares, natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em 1851 e falaceu em 1931. As obras iniciaram em 27 de julho de 1910, mas em virtude de dificuldades técnicas encontradas, só foram concluídas mais de dois anos depois. Teve a supervisão do arquiteto porto-alegrense Affonso Hebert (ou Alphonse Dinis Hébert), Diretor da Secretaria de Obras Públicas do Estado, tendo a parte de cantaria ficado aos cuidados do escultor Jacob Aloys Friedrichs. Sua inaugaração ocorreu no dia 25 de janeiro de 1913. 

Júlio Prates de Castilhos, ou Júlio de Castilhos, como é chamado, advogado, jornalista, político, republicano, nasceu na então cidade de Vila Rica, atual município de Júlio de Castilhos, RS, em 29 de junho de 1860 e falaceu em Porto Alegre em 24 de outubro de 1903. Foi abolicionista e adepto da filosofia Positivista de Augusto Comte. Primeiro Presidente do Estado, depois da Proclamaçao da República, chegou a ser deposto, com a queda do Marechal Deodoro, mas em 25 de janeiro de 1893 foi reeleito e empossado no cargo. 

O monumento em sua homenagem, representa três fases de sua vida: a republicana, a aceitação do positivismo e a fase que sucedeu a sua saída do governo do Estado. Tudo isto é representado através de diversas alegorias que dão ênfase à organização política, exaltando a República como forma de materializar os ideais de liberdade, paz e fraternidade. 

Todo o conjunto de estátuas se situa em torno de um obelisco central, em cujo topo destaca-se a figura da República sobre uma esfera com as estrelas que simbolizam os Estados brasileiros e a divisa Ordem e Progresso. Dentre os demais destaques estão um jovem inclinado tendo nas mãos um exemplar do jornal A Federação, figuras alegóricas da Constância e da Prudência, o próprio Júlio de Castilhos, como estadista, sentado em uma cadeira e tendo nas mãos um livro, alegorias da Coragem, com os louros da vitória, um dragão, que é o símbolo da Casa de Bragança e representa o perigo de um retorno à antiga ordem monárquica, um guerreiro com armadura, simbolizando a Firmeza, o Civismo, abraçando amorosamente a Bandeira Brasileira e, ainda outra figura, de velho sábio com barbas longas, como referência ao próprio Júlio de Castilhos em sua fase posterior ao afastamento do poder, além de um jovem cavaleiro na representação da energia do povo rio-grandense. 

Tentar descrever esta verdadeira jóia que temos em nossa Cidade é tarefa difícil, por falta de palavras. Passar algum tempo junto dela, apreciando cada detalhe, analisando a harmonia e o equilíbrio de cada elemento que a constitui, é prazer que nos emociona, deleita e conduz a reflexões das quais não podemos nos furtar. 

Evandro

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