"TURF"

UM CLUBE CENTENÁRIO  

O ano de 2007 marcou o centenário do Jockey Club do Rio Grande do Sul. Sua origem foi a Associação Protetora do Turfe, fundada em 7 de setembro de 1907 e que veio a realizar sua primeira corrida em 3 de novembro do mesmo ano.

Sua fundação deveu-se à iniciativa de José Joaquim da Silva Azevedo, um entusiasta turfista da época, que contou com a colaboração, entre outros, de Oscar Canteiro e Otávio de Lima e Silva, eleitos como Presidente e Vice, respectivamente.

Este esporte, contudo, é bem mais antigo em Porto Alegre. Já nos anos 1890 a Cidade provinciana contava com quatro hipódromos – no Menino Deus (“Prado Rio-Grandense”), no Partenon (“Prado da Boa Vista”), nos Navegantes e nos Moinhos de Vento (o “Prado da Independência”). Eram muitos os entusiastas das carreiras, que contavam com grande público e com apostas atraentes e compensadoras.

Entre essas associações, porém, surgiam freqüentes conflitos, já que para algumas o importante era a busca de resultados econômicos, enquanto para outras as metas eram o esporte, em si, e a criação de cavalos. Devido a tais divergências, o turfe porto-alegrense entrou em colapso.

Tentativas de reestruturar as atividades foram feitas. Pensou-se na possibilidade de fusão entre as associações. Sérias discussões foram travadas para a escolha do local onde seria a sede de uma nova entidade, até que decidiu-se localizá-la no “Prado da Independência”, nos Moinhos de Vento. Assim, a partir de 19 de outubro de 1899 nascia o “Derby Club”. Mas as coisas não foram tão fáceis como parecia, pois os descontentes resolveram reabrir o Hipódromo do Menino Deus, orgnizando o “Turf Club”, ao mesmo tempo que outros reorganizaram o do Partenon.

Com tantas divisões, o resultado não poderia ser outro: a insolvência foi geral e Porto Alegre ficou, novamente, sem turfe.

Descontente com a situação, José Joaquim da Silva Azevedo, com a colaboração de outros turfistas decidiu que uma nova associação deveria ser fundada, nascendo, então, em 1907, a Associação Protetora do Turfe, resgatando para Porto Alegre o “desporto das rédeas”.

Novo período de crise se abateu sobre o turfe, mas a Associação sobreviveu graças ao trabalho incansável de seu Presidente, Coronel Antônio Pereira Caminha, durante sua administração que durou de 1909 a 1914, quando foram criadas as principais provas do calendário turfístico do Estado, como o mais importante deles – o Grande Prêmio Bento Gonçalves.

Em assembléia geral realizada em 1944, os associados aprovaram a proposta de mudança do nome da associação, que passou a denominar-se “Jockey Club do Rio Grande do Sul”.

A sede, no velho Prado dos Moinhos de Vento, encerrou suas atividades no dia 15 de novembro de 1959 e seis dias depois, a 21 de novembro, passou a funcionar no novo Hipódromo do Cristal. O Clube possui atualmente mais de quatro mil associados.

No Cristal, realizam-se corridas onde participam grandes jóqueis do Rio Grande do Sul, do Brasil e do Exterior. Cavalos de alta linhagem, provenientes de diversos haras e produzidos por criadores mundialmente renomados, têm deixado suas marcas na história deste Clube que é um orgulho para todos os porto-alegrenses que apreciam o esporte.

Voltando um pouco ao tempo do velho Hipódromo dos Moinhos de Vento, lembro que freqüentei aquele bonito lugar, lá pelo final dos anos 40 até início dos 50, na companhia de uma pessoa muito especial: o “seu” Romeu, meu pai. As corridas eram aos domingos. Era tudo muito elegante, com as pessoas bem vestidas, muitas senhoras com chapéus, “chiquérrimo”!... O seu Romeu “sabia tudo” de turfe, os nomes dos jóqueis, dos cavalos, dos tratadores, dos proprietários, as “performances” de cada um, sobre azarões, sobre “conversa de cocheira”... enfim, era um “expert”. Com ele aprendi bastante sobre “poules”, duplas, “forfaits” e outros termos que ficaram encobertos pela névoa do passado. Era bom ir lá com o meu velho. Só havia um pequeno problema: muitas vezes fui com ele ao “guichet” de apostas. Mas não lembro de nenhuma que tenha ido ao “caixa” resgatar o dinheiro de algum bilhete vencedor. Talvez a memória esteja me traindo, mas que não lembro, ah!... isto não lembro mesmo.

Evandro

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Publiquei este texto, originalmente, em meu Space “NÓS AQUI”

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